Ícone representando a última Restauração de Ícones de 843 d.C. Na fila superior, à esquerda do ícone com a Virgem e o Menino, está representada a Imperatriz Teodora como seu filho Miguel.
(Museu Benaki, Nº 21170. meados do século XVI)

A perda dos territórios que constituíram durante séculos os celeiros do Império Romano, e os seus inevitáveis efeitos económicos e sociais, mergulharam o Oriente num período de caos político que durou até meados do século IX. A crise coincidiu com a controvérsia iconoclasta que dominava a vida intelectual e política do estado até à vitória final dos iconófilos em 843.

Uma das características mais significantes deste período, comprovado por provas arqueológicas, é o domínio gradual de uma economia de troca que substituiu o dinheiro na vida quotidiana camponesa e o desaparecimento da vida urbana nas províncias do Império. A cidade, que constituía a principal formação política, económica e cultural do Mundo Antigo começou a desintegrar-se, enquanto que a Igreja substituiu as autoridades citadinas em diversos campos da vida social.

O Iconoclasmo era uma importante controvérsia teológica que começou em 730 e durou até à Restauração dos Ícones em 843. Longe de ser simplesmente uma disputa teológica entre intelectuais, o confronto entre os Iconófilos e Iconoclastas sobre se ou como os ícones e relíquias de santos deveriam ser venerados, abalou toda a sociedade, causando emoções fortes juntos dos seguidores das duas doutrinas. O Iconoclasmo pode ser considerado um movimento multifacetado, político e ideológico, exprimindo exigências e forças desse período. Foi um movimento conduzido contra as instituições monásticas, e simultaneamente uma luta do poder imperial para estabelecer o seu controlo absoluto sobre assuntos eclesiásticos. De um ponto de vista diferente, esta controvérsia pode também ser vista como um choque entre as crenças anicónicas das populações orientais - que não permitiam a representação de Deus numa figura humana - ao contrário da tradição greco-romana. A vitória, dos Iconófilos permitiu o desenvolvimento explosivo da pintura bizantina nos séculos seguintes.